Essa semana começou em Ermoupolis, a capital das Cíclades. A gente não tinha lido muito boas recomendações da cidade, mas acabou sendo uma linda surpresa, a gente amou o lugar!
Essa cidade já foi capital da Grécia e é possível ver rastros dos seus dias de glória. Ermoupolis é charmosa e não apenas na entrada do porto, a medida que você vai caminhando pelas ruazinhas internas, as lojinhas, cafés e bares vão ficando cada vez melhores. E quando você chega na praça central, você encontra um prédio lindo que é a prefeitura da cidade, uma construção maravilhosa que supostamente é uma réplica do palácio de Troy, onde Helena viveu. Não é demais?
A gente conseguiu atracar num lugar incrível, bem na frente de uns restaurantes bacanas. E o preço…. 9 Euros para ficar 24h! Demais! Mais barato que muitos estacionamentos para carros em cidades grandes como São Paulo.
Depois partimos para a ilha Rineia, perto da costa sudoeste de Mykonos. Esse é um daqueles lugares que as pessoas param quando fazem passeios de barcos saindo de Mykonos. Não tinha nada de vento e deu para relaxar.
Nossa primeira parada em Mykonos foi a praia Psarou, lugar dos ricos e famosos que gostam de festa e exibir seus inacreditáveis yacths (um deles tinha até um tobogã inflável na lateral!). Nunca vimos nada igual. A crise certamente não atingiu esse lugar.
E como a previsão era para ventos insanos, a gente ficou apenas algumas hora e depois fomos rapidamente ancorar na praia de Ornos, que teoricamente é o lugar mais protegido para ancorar em Mykonos.
Depois de quase 24h ancorados por lá, acreditamos que estávamos seguros e com a âncora bem presa, então eu decidi levar a Katherine para sua primeira aula de kite (que, by the way, foi ótima. Ela aprende super rápido) numa praia lá perto. Mas quando voltamos para Ornos, o Ipanema tinha arrastado pelo menos uns 40 metros e estava prestes a bater em outros barcos e fazer um estrago sério no meio da baía. Chegamos bem a tempo de evitar o pior, voltamos a ancorar e dessa vez colocamos mais 30 metros de corrente para garantir, o que foi ótimo pois não mexemos mais até o dia de ir embora. Mas tenho que confessar que numa baía cheia de mega yachts e mais de 40 nós de vento constante, não é nada fácil ser o capitão, manter a calma e conseguir relaxar.
E por causa disso eu infelizmente não consegui aproveitar muito a nossa estadia em Mykonos. Foi uma pena porque nossos grande amigos do Brasil Fernanda, Cris, Beta e Nancy chegaram um dia depois de nós e estavam loucos para conhecer a ilha inteira, os melhores restaurantes, as baladas, as praias, e não conseguimos acompanhar eles em tudo o quanto a gente gostaria.
Claro que deu para passear um pouco, mas queríamos ter feito muito mais! Mas não dava para ficar muito tempo sem vigiar o barco.
Um dia antes de partimos de Mykonos a Katherine voltou para sua casa em San Francisco nos Estados Unidos. É sempre tão legal receber amigos queridos, mas tão triste na hora da despedida. Mas por sorte nesse dia a Carol e o Lucas chegaram, um casal super bacana de São Paulo, amigos de amigos nossos, e rapidamente já se acomodaram no barco e estavam nos ajudando com TUDO, desde velejar até cozinhar, arrumar, limpar, etc. A gente até já postou algumas fotos que “roubamos” deles, eles foram conhecer a ilha inteira numa motinho.
Depois de Mykonos, a travessia rumo ao sul foi uma das melhores até agora, tivemos vento forte em popa, o barco, e principalmente a tripulação, se comportou super bem. Passamos pelo temido (pelo menos por mim) canal entre Naxos e Paros, que costuma ter ventos mais fortes que a média, e nós conseguimos velejar até a ilha de Ios.
Ios é conhecida pelas suas praias nudistas e baladas… que combinação potente, não acham? A ilha é muito visitada por uma galera mais jovem, pelo menos de cabeça. Tem umas praias lindas com areia branca, onde o Feijao fez a festa! Acho que é a praia com areia e mar mais parecido com Ipanema que estivemos até agora, e o Feijão ficou louco correndo que nem maluco para cima e para baixo. Graças a Deus ele não correu atrás de nenhum peladão, eu já tava até imaginando ele com o “negocio” de algum cara na boca, puxando de um lado para o outro, todo saltitante que nem um cavalo desenfreado, e nós tendo que domar a criatura e controlar a situação! Já imaginou a cena? Afe! Felizmente nada disso aconteceu e ainda somos todos bem vindos em Ios.
Nossa primeira noite em Ios ancoramos em Milopotas e a segunda na praia Maganari, uma melhor que a outra!
Bom, aproveitamos até umas 5-6 da tarde quando um vento maluco começou a soprar. Ficou em média uns 50 nós, mas chegou a bater rajadas de 64 nós! Isso mesmo, se-ssen-ta e qua-tro nós!! Estávamos a uns 80 metros da praia e foi suficiente para formar umas ondinhas que batiam no barco. De loucos! Pelo menos estavam todos atentos mas levando na esportiva, foi a melhor companhia que podíamos ter numa situação como essa.
Nossa próxima parada…. a mundialmente famosa Santorini! Que lugar único! Não precisa nem de apresentações, certo?
Por sorte tinhamos amigos por lá, o Markos e a Alice, que estão trabalhando num veleiro antigo super classudo, o Zik Zak, que eles usam para fazer passeios pela ilha. o Markos é um capitão Grego com mais de 25 anos de experiencia, muita sabedoria e muitas historias para contar. Ele é daquele tipo de pessoa que provavelmente consegue consertar um mastro quebrado no meio com um chiclete e um clips, sabe? Então como qualquer capitão com pouco experiência, eu tentei ficar perto dele o máximo que eu pude, nem que fosse para conseguir absorver um pouco daquela sabedoria por osmose.
Esse casal tem sido incrível com a gente e nos ajudaram a conseguir uma poita para pararmos o barco no melhor lugar da ilha! Bem em baixo de Oia, lugar famoso pelo por do sol, que dizem ser o mais lindo do mundo. Acho que se alguém cuspir de lá de cima cai na nossa cabeça, não poderíamos estar mais perto. Era só pegar o botinho até terra firme, subir umas escadarias e já estamos no meio do centrinho de Oia, incrível! Ficamos MUITO agradecidos pela ajuda, se não fosse por eles, não faço ideia onde eu teria deixado o barco. Santorini é daqueles lugares impossíveis de ancorar pois você se afasta pouco metros da encosta daquelas falésias gigantes e já cai para uns 300 metros de profundidade. Outra dica, se voce quiser velejar por essa ilha, vai no barco de um amigo, não no seu.
A Alice é uma garota brasileira que foi abduzida de Fernando de Noronha pelo Markos e agora ela vive feliz em Santorini com ele. Ela ficou sabendo que tinha conseguido a cidadania grega no momento que chegamos em Santorini, então foi a desculpa perfeita pra sairmos todos para comemorar no Dimitris, um restaurante de frutos do mar maravilhoso, com vista para o portinho de Ammoudi, bem em baixo de Oia.
E por falar em porto, na Grécia não é como em outras partes do mundo que eu conheço, sujo e fedorento. Eu não sei como, mas aqui eles conseguem fazer os portos em lugares com água transparente, com os melhore restaurantes, vista panorâmica, etc, etc, etc. E para completar, eles certamente acabam conseguindo os melhore peixes e frutos do mar. O dono do Dimitris as vezes nem espera o barco pesqueiro chegar, ele vai até alto mar encontrar com eles e compra lá mesmo e traz para o restaurante. Não é incrível?
Bom, mas como tudo que é bom dura pouco, já é hora de nos despedirmos dos nossos queridos amigos Fe, Cris, Beta e Nancy, e dos nossos novos amigos Lucas e Carol. A gente certamente consegue ver esse casal velejando por ai um dia.
E agora estou embarcado para San Sebastian na Espanha, para o casamento de dois queridos amigos, a Sol e o William, enquanto a Sarah e o Feijão estão totalmente encarregados do Ipanema. Tenho certeza que eles vão aproveitar uns dias sem mim, mas eu já estou com saudades daqueles dois pestinhas.
Adoro seus textos.
Tem sido uma surpresa para mim.
Uma qualidade sua que não conhecia.