Passamos pouco mais que uma semana na Gran Canária. Surfamos, preparamos o barco para a próxima travessia, visitamos a ilha e compramos um monte de comida para os próximos dias. Também recebemos nova tripulação e vimos outros barcos se prepararem para cruzar o Atlântico. Chegamos de Portugal com um Alemão e dois Portugueses a bordo. Mitch (o Alemão) foi embora alguns dias depois que chegamos, o João vai seguir com a gente até Cabo Verde e o Pedro (nosso grande amigo Português do Algarve) ficou alguns dias e nos ajudou com as preparações do barco e depois também, infelizmente, voltou para casa. Ele passou o aniversário a bordo com a gente e a Sarah preparou uma festinha surpresa em alto mar. Como presente, Netuno trouxe algumas ondas e fomos surfar juntos.
As Canárias é um arquipélago vulcânico no Atlântico norte, isso significa que perto delas o mar é bem fundo e o swell que vem lá do extremo norte chega aqui sem perder muita força, e quando bate nas praias cria umas das ondas mais tubulares e potentes que eu já vi. A costa norte da Gran Canária é linda e é o paraíso do surfe.
Então você deve estar pensando que a gente passou o tempo todo dentro d´água surfando, certo? A verdade é que não foi bem assim… claro que a gente surfou sim, mas num dos melhores dias de surfe a Sarah resolveu arrastar todo mundo para turistar no Jardim Botânico. Dá para imagina a minha cara e a do Pedro, né? Mas tenho que admitir que o lugar era realmente bonito e com uma paz boa, até que valeu a pena.
Em outro dia de mar clássico o pessoal resolveu ir visitar o centro da cidade para ver a catedral de Santa Ana e a casa do Cristóvão Colombo. Também foi outro passeio que valeu a pena, e no fundo acho que até é bom que o pessoal me arrastar para fazer coisas diferentes, se eu estivesse sozinho acho que não faria nunca.
E falando do pessoal, temos nova tripulação à bordo, que serão melhor descritos no próximo post sobre a nossa travessia para Cabo Verde! Aguardem! Mas resumindo, além do João que está com a gente desde o Algarve, temos mais três pessoas novas: 1) o Paolo, um Italiano especializado em cozinhar pasta carbonara e velejador de Carrara que também está tirando um ano sabático (o que é de se admirar!); 2) o Timm, um Sueco gente boa, que acabou de tirar o certificado de Open Water para mergulhar e que ama doce; e 3) o Jens, um Dinamarquês rock star que faz kite e é instrutor de vela numa escola na Dinamarca entre outras coisas. Hasteamos as velas de todas as nacionalidades a bordo e agora o Ipanema parece um barco das Nações Unidas… irado! Temos tido tanta sorte com as nossas tripulações que até é difícil de acreditar.
Estamos espantados com a quantidade de pessoas que está aqui em Las Palmas procurando uma barco para pegar carona e cruzar o Atlântico. Aqui é onde todos os barcos que participam da anual Atlantic Crossing Regatta (ARC) partem. Eles saem daqui alguns dias então o lugar está lotado, qualquer um que não faz parte da regatta sofre para conseguir um lugar na marina.
Como a gente tinha alguns trabalhos para fazer no motor, o pessoal da marina gentilmente conseguiu nos acomodar durante alguns dias, mas fora isso, ficamos ancorados logo na entrada dela, junto com vários outros veleiros. E mais uma vez foi a vez de eu ter que passar horas dentro do buraco negro que é a sala de máquinas para fazer revisão do motor, foi um dia inteiro para fazer os dois motores.
Agora estamos prontos para partir, só esperando que Domingo chegue, dado que a previsão diz que é quando o vento melhora. Infelizmente logo antes da nossa partida perdemos a companhia do nosso “Grande Craque” Pedro, que tem que voltar correndo para Portimão, para os braços da querida Sarita. Vamos morrer de saudades desse camarada.
No dia antes de sairmos, fizemos uma parada no mercado central de Las Palmas para comprar verdura e frutas fresquinhas, o lugar era demais e a Sarah queria comprar o mercado inteiro.
No momento a nossa maior preocupação é a recuperação do Feijão. A pretinha do pilantra ainda está um pouco inchada o que nos está deixando preocupados, então resolvemos levar ele de novo a um veterinário. O Jens foi super gente fina e nos ajudou a carregar o gordinho do barco até o carro, essa coisinha está ficando cada dia mais pesada ainda mais agora com toda a comilança e nada de exercício. O veterinário tirou raio-x e a temperatura do Feijão e disse que está tudo no lugar mas ele está com febre, e tudo indica que pode ser uma infecção, então nos aconselhou a recomeçar o tratamento com um antibiótico bem mais forte para previnir uma possível infecção nos ossos. É difícil ver nosso pestinha assim cabisbaixo. Antes do Feijão entrar nas nossas vidas eu achava que dono de cachorro era tudo louco e exagerado… bom, eu acabei virando uma dessas pessoas. Não conseguimos imaginar nossas vidas sem essa coisinha desajeitada. Estamos rezando para ele melhorar logo.