Começamos nossa primeira semana nas Ilhas Virgens Britânicas (BVIs) com o pé direito. Primeiro o Duda voltou para o barco e depois conhecemos um casal de Brasileiros nota mil que está velejando pelo mundo a bordo de um catamaran chamado Cascalho. Mergulhamos com golfinhos selvagens pelos corais, velejamos de kite em Necker Island, e agora não vemos a hora de explorar mais das várias ilhas por aqui.
Para começar, nossa travessia para as BVIs foi fantástica! Velejamos calmamente com vento a favor e ondas tranquilas iam empurrando a gente pela popa. Para melhorar, o cenário que nos esperava na chegada foi de tirar o fôlego conforme fomos entrando pelo Gorda Sound, chegamos até a pilotar o drone para capturar o momento.
Assim que chegamos fomos direto no porto de entrada chamado Gun Creek para fazer imigração, check-in no país, alfândega e serviços veterinários. Foi tudo bem rápido e nada burocrático, depois de alguns minutos da nossa chegada eu já havia conseguido fazer todas as formalidades e, melhor ainda, quase sem ter que pagar nada, a não ser a taxa de entrada do Feijão, nossa maquininha de gastar dinheiro. Depois de Gun Creek fomos ancorar num lugar lindo, vazio, com água rasinha e transparente, perto da Mosquito Rock, paralelo a uma barreira de corais linda e sem nenhum barco em volta – chegamos no paraíso! Rapidamente conseguimos ancorar e checar que o barco estava seguro, tiramos nosso equipamento de mergulho pra fora, jogamos o bote na água e fomos direto mergulhar.
Depois de alguns minutos de baixo d’água, admirando lá aqueles corais maravilhosos, um grupo de golfinhos resolveu aparecer para nossa surpresa! Que sensação mais maravilhosa! Dá para imaginar a nossa cara de espanto, não dá? Não demorou muito para a Sarah começar a chorar de emoção lá de baixo d’água mesmo, e eu comecei a brincar com eles que nem criança pequena que acaba de ganhar um cachorrinho. Nos sentimos as pessoas mais sortudas do universo. Tínhamos acabado de chegar, estávamos felizes só por haver chegado nas BVIs, estávamos mergulhando num lugar que nem aparecia nos mapas de mergulho, só nós os dois, tranquilos, quando de repente os golfinhos resolveram aparecer. Claro que votamos logo a pensar: “O que fizemos para merecer isso tudo? Essa vida?!” É até difícil descrever o grau de interação que nós humanos temos com esses incríveis mamíferos, bichos fortes, ágeis, selvagens, que poderíamos brincar com a gente que nem dois bonecos de pano. Mas só conseguimos sentir uma paz enorme, uma felicidade que transbordava, uma sensação boa como se estivéssemos brincando com um grupo de “Feijões” malucos. E o melhor de tudo é que pareceu uma eternidade lá em baixo com eles, certamente nunca esqueceremos desse dia.
Depois desse mergulho com os golfinhos fizemos vários outros mergulhos maravilhosos em lugares clássicos, recomendados em guias e mapas. Não voltamos a ver mais nenhum mamífero, mas foram todos mergulhos incríveis, a água aqui é cristalina, com uma visibilidade inacreditável, e cheia de flora e fauna marinha. Assim como em St. Barts, os spots de mergulho por aqui são muito bem sinalizados, contam com boias para você amarrar o bote, tudo muito bem organizado, o que facilita muito para todos e ajuda a preservar.
No dia seguinte dos golfinhos o Duda apanhou alguns voos, alguns ferries e alguns taxis para conseguir chegar de volta ao Ipanema – pela terceira vez em dez meses! A gente adora ter ele no barco, além de alto astral, ele está sempre disposto a fazer qualquer coisa, topa qualquer parada, e sempre nos pede para não mudar nada na nossa rotina.
E lá fomos os três para Necker Island, do famoso Richard Branson, o cara da Virgin. O lugar não só é espetacular como não tem quase nenhum barco em volta, fomos os únicos ancorados por ali durante a noite.
No dia seguinte o vento estava forte o suficiente para kite e o lugar não poderia ser melhor. Bem na frente da Necker Island tem uma ilhota de areia com três coqueiros que faz com que a água entre as duas ilhas fique lisinha. Fora desse spot também rola umas ondas pequenas que dá para brincar com o kite. Mais uma vez conseguimos decolar e voltar para o barco de kite sem fazer nenhuma cagada – hurray! Estamos ficando bons nesse negócio!
O Feijão sempre fica maluco quando vê um kite. Ele fica seguindo a vela correndo de um lado pro outro do barco. A gente até achou que ele queria sair para dar uma velejada quando vimos ele com o trapézio vestido, mas não deixamos já que ele ainda precisa aprender a nadar melhor antes de se aventurar por ai. Ai ele foi fazer o que ele faz melhor nessa vida, comer e dormir.
Depois da Necker Island nossos amigos virtuais (até o momento) do Cascalho vieram se encontrar com a gente e ancoraram na mesma baía que nós. Foi como encontrar com velhos amigos. Em poucos minutos já viramos melhores amigos. O Luiz e a Mauriane estão velejando a três anos e conhecem super bem o Caribe e as Ilhas Virgens. Eles logo nos colocaram de baixo das asas deles e nos levaram para conhecer tudo!
Uma das primeiras paradas foi a The Baths, um lugar muito especial com umas formações rochosas únicas, que criam piscinas naturais, passagens estreitas e cavernas maravilhosas. Foi uma caminhada deliciosas cheia de mergulhos pelo caminho. Esse lugar realmente vale a pena visitar!
Entre várias coisas o Luiz é um talentoso pescador e exímio caçador de pesca submarina. Ele nos ensinou a achar e pegar lagosta com as mãos (que é a única forma permitida por aqui, depois de ter adquirido a licença de pesca com as autoridades locais). Não é fácil, mas muito legal e entretenimento garantido, ficamos os cinco (Mauriane, Luiz, Duda, Sarinha e eu) horas na água todos os dias procurando lagosta – muito divertido e gratificante.
Esse foi um começo perfeito das BVIs, não vemos a hora de conhecer mais e mais ilhas com eles!